quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Obrigado Nova Moka, e ate para o ano

Ja faz algum tempo que nao dou muitas noticias, mas acabada mais uma epoca de campo tive que voltar a deixar Sao Tome. E desta vez bem mais contrariado do que no ano passado. Esta coisa do leve leve entranha-se na pessoa... Comeco a ter medo do dia em que tiver que sair da ilha sem prespectivas de voltar.
E os principais “culpados” sao os meus vizinhos na Nova Moka, que tornam a minha estadia tao mais prazeirosa e rica. Por partilharem comigo as maravilhosas comidas que teem, pelas visitas que me alegram sempre e em especial nas alturas mais complicadas, pelas longas conversas sobre a vida em Sao Tome e por me deixarem entrar cada vez mais nas suas vidas. Duvido que sem estas companhias conseguisse fazer o meu trabalho em Sao Tome e de certeza nao seria a experiencia maravilhosa que tem sido.
O nascer do Sol visto do meu quarto na Nova Moka. Uma visao que ainda espero ter o privilegio de ver por muitos dias...

sexta-feira, 30 de julho de 2010

II Curso em Ornitologia e Conservacao de Aves, Sao Tome

E como se ja nao tivesse bastante que fazer por Sao Tome, acabei por me por a dar um Curso em Ornitologia e Conservacao para santomenses.
Apesar de ja ter o tempo apertado para acabar o meu trabalho de campo, sobretudo gracas a minha querida fera, tem valido bem a pena!

Para treinar tecnicas de censo de aves, os alunos tiveram que descobrir uma serie de especies novas para a Ciencia ao longo de uma das Avenidas da capital!

Os alunos teem sido muito aplicados, pelo que, leve leve, estao a conseguir superar dificuldades (a escolha de uma foto da aula sobre GPS nao foi ao acaso).

Ontem, para minha recompensa, completei a caderneta de especies endemicas com o Anjolo (Serinus concolor, na foto). Os alunos conseguiram descobrir um novo local para uma das especies de aves mais ameacadas do planeta (chegou a ficar cerca de 100 anos sem ser vista).

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Cenouras em fogo - Vivências do Mé Zóchi rural (a caminho da capital)

Nada como uma descida de táxi até à capital para me animar, mesmo no dia em que descobri que as peças que há umas semanas atrás tinha mandado vir de Portugal para o meu carro foram substituídas, sem meu conhecimento, por pedaços de lata de refrigerante!


O táxi, um carro ligeiro, vinha completamente a abarrotar: motorista mais duas pessoas nos bancos da frente, quatro pessoas (eu mais 3 senhoras avantajadas) nos bancos de trás e o oitavo passageiro (que por acaso nem era extraterrestre nem nada) no portabagagens com a carga. Há ainda que referir que, mesmo para a média do estado de conservação do parque automóvel santomense, este táxi estava podre. E não digo isto apenas por raiva de a minha viatura não funcionar: a ferrugem já tinha consumido partes consideráveis da chaparia, a andar o carro fazia um barulho ensurdecedor, os vidros só abriam a alicate e a ignição só funcionava com chave de parafusos!

O tema da conversa não podia ser mais típico da ruralidade do Mé-Zóchi: O preço da cenoura no mercado, que neste dias chega a 60 contos o quilo (um conto são 1000 dobras e um euro vale 24500 dobras – e sim um milhão de dobras não chega a 50 euros, perguntem porquê ao Banco Mundial). A zona da Monte Café, no distrito de Mé-Zóchi, tem uma produção hortícola muito importante para o abastecimento do mercado na capital, em especial de produtos que preferem climas um pouco mais frescos (batata, feijão, cenoura, tomate). A indignação dos passageiros do tal táxi dirigiam-se sobretudo à especulação que é feita pelas palaiês (vendedoras ambulantes de vegetais, mas tambem peixe, frutos, sumos, doces ...). A prática corrente é que as mulheres dos produtores se desloquem bem cedo (uma/ duas da madrugada) para a cidade, onde vendem os produtos a intermediários (como as palaiês) ou para elas próprias venderem os produtos no mercado (Por isso é frequente ter que acordar a pessoa que queremos que nos venda qualquer coisa no mercado).


Ora, ao que parece, as palaiês são comerciantes bastante agressivas, que para além de terem uma grande conversa para convencer os fregueses a adquirir os seus produtos, mentem com uma leviandade desarmante em relação ao verdadeiro preço e qualidade dos produtos que podem oferecer, bem como sobre qualquer acordo prévio que possa ter existido!
E na gravana (altura seca do ano que está agora em vigor) esta especulação, que também não acredito ser só devida às palaiês, tem efeitos devastadores sobre os preços e capacidade de escoamento dos produtos no mercado, exaltando os ânimos de toda a gente (produtores, comerciantes e consumidores). E apesar disso a conversa deixou-me mesmo bem animado, porque até a situação mais revoltante estas pessoas conseguem encarar com bom espírito e muito leve leve. Obrigado pessoal do Mé-Zóchi, vocês são mesmo uma lição de vida!

sábado, 3 de julho de 2010

Tristes tropicos...

Estes nao teem sido dias faceis por Sao Tome.


Para se juntar ao stress da recta final do trabalho de campo, vem o desanimo com o estado da conservacao por estas bandas. Sera que sou assim tao pessimista ou o futuro desta ilha nao se afigura nada risonho, apesar dos sorrisos que persistem no rosto dos santomenses?
Talvez esteja apenas a atigir a minha capacidade de estadia na ilha! Espero que sim...