domingo, 29 de junho de 2008

Uns dias pelo Alentejo e outros por casa

Esta semana começou com uns dias pelo Alentejo a torrar ao Sol na companhia da Nadine. Fui fazer um trabalho de monitorização de aves na zona da Vidigueira, por causa dos blocos de rega do Alqueva! Basicamente tínhamos que registar todas as aves de rapinas que observássemos durante 1h em diferentes pontos. E alguns dos pontos montávamos um radar (como os dos barcos), para ver se ele detectava as mesmas aves que o observador. Ao todo montámos e desmontámos o aparato que se vê na foto abaixo (mais o que ficava na carrinha e não se vê) uma meia dúzia de vezes... Uma tarefa nada fácil com temperaturas quase nos 40ºC e que deixou a suas marcas!

Radar pronto para detectar as aves da planície alentejana.
Sequelas dos dias de trabalho no Alentejo, ou de não ter posto protector... O que vale é que o bronzeado à camionista está sempre na moda!
Para além desta tarefa diurna, que permitiu algumas observações interessantes (nomeadamente de rolieiro ;), tivémos um pequeno extra nocturno. Montámos o radar à noite, para tentar perceber se as aves também andam por aí a voar à noite. E pelos vistos andam. Ou pelo menos anda qualquer coisa. A migração nocturna nas aves é um fenómeno bastante conhecido, mas fora de época de migração é um pouco estranho andarem tantos OVNI no céu nocturno do Alentejo!!!! E se durante o dia já é difícil identificar o que o radar detecta, durante a noite é quase impossível, principalmente quando se tratam de objectos a 1000m de altitude. Enfim, este mistério há-de persisitir, pelo menos por mais algum tempo. Talvez morcegos???


OVNIs no céu nocturno da Vidigueira

Voltado a casa, 5ª foi dia de stress. A bolsa não vem, nem o resultado do TOEFL e o que já tinha chegado à Universidade, afinal não tinha... E para ajudar, uma vez que tinha que mandar muitos mails: a Internet tirou meio dia de folga :(

O que valeu foi 6ª. De manhã voltei a testar lentes de contacto e desta vez parece que acertaram no modelo. Parece que brevemente vou deixar de ser caixa de óculos. À tarde chegam finalmente os resultados do TOEFL e vou começar a receber a bolsa a tempo. Viva a FCT!!!!

Sábado de manhã: Dentista. Mais de uma hora à espera para me taparem um buraco e 2ª há mais. Começo a perceber o ódio que certas pessoas nutrem pelos dentistas...

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Cá p'la terrinha...

Num passeio domingueiro com a trupe do costume, num dos sítios do costume: a Serra de Sintra, encontrámos, sem andar à procura e mesmo à beira do caminho que já fizemos tantas vezes, aquilo que eu já tinha desistido de procurar: um ninho de águia-de-asa-redonda (Buteo buteo). E de facto teria sido mesmo difícil encontrar o ninho se águia não tivesse ajudado…

Ninho de águia-de-asa-redonda (Buteo buteo) na Serra de Sintra.

Continuando a volta do costume, já na Peninha deparámo-nos com este pequeno mistério: duas plantas aparentemente da mesma espécie, mas com flores ligeiramente diferentes. Talvez uma mensagem para os insectos? O mais curioso é que apenas uma das plantas tinha as flores com a “aura” arroxeada e todas as flores dessa planta eram dessa cor... Alcar (Tuberaria guttata)

Durante a semana dei umas voltinhas pelo mato e pela praia perto de casa, para apanhar solzito e umas belas arranhadelas nas pernas. Acho que já não ficava neste estado desde criança! A minha esperança era poder tirar umas fotos a bicharocos e plantas, mas o vento não ajudou muito (e esta semana a Malveira da Serra fez jus ao seu cognome: Terras do Vento). Ou talvez tenha ajudado porque o mais interessante que vi caiu-me literalmente em cima, quiçá trazido pelo vento…

Primeiro esta estranha borboleta:

Zygaena fausta

E depois, enquanto espreitava dentro de uma toca para tentar perceber de que era, caiu-me este belo escaravelho em cima da cabeça. Quando era criança lembro-me de ter encontrado alguns neste sítio e achava que a minha imaginação de criança os tinha ampliado, mas de facto são mesmo grandinhos… (reparem no canto inferior esquerdo com o cartão da máquina fotográfica – 25x20mm – a servir de escala)


Cerambyx cerdo.

Para colmatar a semana em grande recebi a nota do exame TOEFL, finalmente!!! A pior parte foi o “speaking” (grande novidade…), mas tive a nota que precisava e só isso é que interessa. Espero nunca mais ter de me submeter a este tipo de exame (talvez mais correctamente chamado de extorsão).

Ah! E consegui finalmente tirar uma foto decente do rapúncio, apesar do vento :)

Rapúncio (Campanula rapunculus).

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Uns dias pelo Reino dos Algarves

Esta semana (de domingo até 5ª) estive na “minha casa algarvia”: a Cruzinha. Fica entre Lagos e Portimão, na Mexilhoeira Grande, bem perto da Ria de Alvor e que, entre muitas outras coisas, é uma espécie de estação de campo da Associação “A Rocha”.

Durante esta altura do ano “A Rocha” leva a cabo uma campanha para estudar os painhos e este ano tive finalmente a oportunidade de participar. Os painhos são umas aves muito pequeninas, do grupo das cagarras e que passam grande parte da sua vida no alto mar. Alguns dos objectivos deste projecto são perceber o que eles andam a fazer no mar, onde aparecem, de onde vêm (existem duas hipóteses principais: das populações do Atlântico Norte ou das do Mediterrâneo) e como são afectados pelas alterações climáticas (mais informações no link: Painhos).


Painho-das-tempestades (Hydrobates pelagicus)


Na 2ª fomos até à praia do Martinhal (perto de Sagres), para procurar painhos nas ilhas em frente dessa praia, para ter a certeza de que não existe uma população nas redondezas (não é conhecida nenhuma colónia em Portugal). Valeu bem a pena a experiência. Pela viagem de caiaque até à ilha (a minha estreia nestas andanças), pela lição de como apanhar um painho (pelo som e pelo cheiro…) e por todas as aves que vimos (muitas gaivotas a nidificar, garças-boieiras, estorninhos, andorinhões, peneireiros e um falcão-da-rainha – espécie muito rara em Portugal eque geralmente só aparece no fim do Verão e no Outono). Infelizmente não encontrámos nenhum painho...
As fotos seguintes têm direitos de autor: Sara Roda.

Na praia do Martinhal, antes da viagem de caiaque.

Uma cria de gaivota, escondida com o rabo de fora (e não só…)!

Um ovo abandonado (provavelmente de garça-boieira).

Em busca dos painhos: Está alguém aí dentro???

Na 3ª à noite, depois de uma breve introdução ao projecto (e do dia quase todo a recarregar baterias) partimos em busca dos painhos. Isto significa sair de casa ao final do dia carregados com altifalantes (para “chamar” os painhos para as redes de captura), material de anilhagem e de recolha de amostras e roupa quente, para passar uma longa noite nas arribas perto de Burgau. Devo confessar que as minhas expectativas não estavam muito altas, mas tivémos uma noite excepcional, a 3ª com mais capturas nos quase 20 anos do projecto! Apanhámos mais de 100 painhos (incluindo 2 recapturas do Reino Unido) e 1 roque-de-castro, uma espécie parecida mas um pouco maior e que se reproduz na Madeira, nos Açores e nas Berlengas.


Painho-das-tempestades (Hydrobates pelagicus) na mão direita e Roque-de-castro (Oceanodroma castro) na mão esquerda, numa noite de mãos-cheias de painhos…

Na 4ª voltámos ao Burgau e apanhámos 47 painhos. Mesmo assim nada mau.

A carregar o material para as arribas

5ª, depois de uma longa viagem de volta a Lisboa, que graças à greve da CP durou cerca de 9h, foi noite de santos populares…..

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Um ponto de partida

E assim começa o meu blog, que tem como principal objectivo manter toda a gente a par do que ando a fazer...
Talvez não comece numa semana muito interessante, porque na verdade esta é uma semana de impasse (consultas, reuniões e pouco mais). Mas nada como ter algum tempo para desperdiçar na internet a tentar perceber como funciona esta coisa dos blogs...
E enquanto não ando nem desando, nada como ir dar um passeio até à Praia da Grota com o Taz, que aliás já o andava a pedir há muito tempo... Aqui ficam os registos fotográficos!

O Taz, com a Praia do Guincho ao fundo


Saudades-roxas (Scabiosa maritima) na descida para a Grota.


O tão almejada Praia da Grota, num dia de muito vento e mar bravo...


E, já no regresso uma bela aranhita (Synema globosum, Thomisidae), apanhada por acaso, quando ia fotografar o rapúncio (Campanula rapunculus) que afinal ficou só a servir de fundo!