sexta-feira, 13 de junho de 2008

Uns dias pelo Reino dos Algarves

Esta semana (de domingo até 5ª) estive na “minha casa algarvia”: a Cruzinha. Fica entre Lagos e Portimão, na Mexilhoeira Grande, bem perto da Ria de Alvor e que, entre muitas outras coisas, é uma espécie de estação de campo da Associação “A Rocha”.

Durante esta altura do ano “A Rocha” leva a cabo uma campanha para estudar os painhos e este ano tive finalmente a oportunidade de participar. Os painhos são umas aves muito pequeninas, do grupo das cagarras e que passam grande parte da sua vida no alto mar. Alguns dos objectivos deste projecto são perceber o que eles andam a fazer no mar, onde aparecem, de onde vêm (existem duas hipóteses principais: das populações do Atlântico Norte ou das do Mediterrâneo) e como são afectados pelas alterações climáticas (mais informações no link: Painhos).


Painho-das-tempestades (Hydrobates pelagicus)


Na 2ª fomos até à praia do Martinhal (perto de Sagres), para procurar painhos nas ilhas em frente dessa praia, para ter a certeza de que não existe uma população nas redondezas (não é conhecida nenhuma colónia em Portugal). Valeu bem a pena a experiência. Pela viagem de caiaque até à ilha (a minha estreia nestas andanças), pela lição de como apanhar um painho (pelo som e pelo cheiro…) e por todas as aves que vimos (muitas gaivotas a nidificar, garças-boieiras, estorninhos, andorinhões, peneireiros e um falcão-da-rainha – espécie muito rara em Portugal eque geralmente só aparece no fim do Verão e no Outono). Infelizmente não encontrámos nenhum painho...
As fotos seguintes têm direitos de autor: Sara Roda.

Na praia do Martinhal, antes da viagem de caiaque.

Uma cria de gaivota, escondida com o rabo de fora (e não só…)!

Um ovo abandonado (provavelmente de garça-boieira).

Em busca dos painhos: Está alguém aí dentro???

Na 3ª à noite, depois de uma breve introdução ao projecto (e do dia quase todo a recarregar baterias) partimos em busca dos painhos. Isto significa sair de casa ao final do dia carregados com altifalantes (para “chamar” os painhos para as redes de captura), material de anilhagem e de recolha de amostras e roupa quente, para passar uma longa noite nas arribas perto de Burgau. Devo confessar que as minhas expectativas não estavam muito altas, mas tivémos uma noite excepcional, a 3ª com mais capturas nos quase 20 anos do projecto! Apanhámos mais de 100 painhos (incluindo 2 recapturas do Reino Unido) e 1 roque-de-castro, uma espécie parecida mas um pouco maior e que se reproduz na Madeira, nos Açores e nas Berlengas.


Painho-das-tempestades (Hydrobates pelagicus) na mão direita e Roque-de-castro (Oceanodroma castro) na mão esquerda, numa noite de mãos-cheias de painhos…

Na 4ª voltámos ao Burgau e apanhámos 47 painhos. Mesmo assim nada mau.

A carregar o material para as arribas

5ª, depois de uma longa viagem de volta a Lisboa, que graças à greve da CP durou cerca de 9h, foi noite de santos populares…..

6 comentários:

Chihiro disse...

Ola!!!
Que alegria ter noticias tuas!!! ..estou a gostar muito do teu Blog, e agradable saber que coisas estas a fazer...
Asi tenho menos saudades... (ufff, ja nâo lembro nada de portugues...)
Beijinhos de Isaura (dende o medio das vacas)

Ricardo Lima disse...

Olá!
O teu português não está assim tão mau... Ainda te lembras da saudade :)
O teu blog está muito giro,todo cheio de vaquinhas e de Galiza.
É pena não estar muito actualizado, mas temo que no futuro também não vá consegui manter o meu...
Porque não crias uma mensagem a dar novidades?
Beijos,
RICARDO.

Pan disse...

Ora esta,...que surpresa! O Sr. Ricardo finalmente dá notícias ;) Muito bem, o blog promete (especialmente com posts com Algarve no título - ahhh, a minha costa algarvia!). Serei leitora assídua
Abraço,
cristina

Ricardo Lima disse...

Sim, não percas as próximas aventuras do jovem explorador!!!
Também estarei atento às vossas babujices...
Já agora, tens visto o Cristiano por aí?
Bjs,
RICARDO.

tainha babujona disse...

jovem explorador de megafone?! isso é um comissio?as aves são do pcp é?!
bjs

Ricardo Lima disse...

O megafone era para a rave!
Isto de anilhar de noite era um bocado monótono, por isso achámos que podíamos animar um pouco as falésias...
Fora de brincadeiras o megafone era para atrair os pobres painhos para a rede, com os sons que eles emitem quando estão nas colónia de reprodução. Mas depois de ficar a noite toda a ouvir a mesma faixa de 3 minutos a sensação deve ser muito parecida a de sair de uma rave!!!