quinta-feira, 28 de maio de 2009

Não é de brincadeira

Finalmente tive a minha primeira experiência a acampar em São Tomé. Quatro dias a andar pelos confins do Noroeste da ilha em busca de floresta. Inicialmente andava à procura de floresta pouca alterada pelo Homem, mas no fim já servia qualquer floresta, desde que tivesse um quilómetro que desse para fazer mais ou menos em linha recta. Felizmente a parte mais seca da ilha vez justiça à fama e quase não choveu! E mesmo assim não foi nada fácil...

Estradas que não deviam merecer o nome de estradas. Ainda por cima eu teimo em acreditar quando me dizem que “se tem tracção, passa!” Pois NÃO PASSA!!! A minha ferazita não atravessa rios de calhaus, nem rampas de lama e eu prefiro ir a pé, quando um dos lados da estrada dá para uma falésia sem fim à vista. O limited da Fera fica mais ou menos por isto:

Uma ponte de tábua podre revestida a casca de caracóis gigantes, seguida de uma estrada com calhau rolado (também ele gigante), seguida de lamaçal com um palmo de altura. Mais 100m e ficou-se pela rampa enlameada na curva. Muito obrigado, mas não passa, não, nem “traçado”. Se soubesse que era assim tinha ido a pé...

Depois de largar o carro começa a parte que dói a sério. Geralmente começa com uma caminhada de uma boa meia dúzia de quilómetros, seguida de uma escalada de tirar o fôlego. Depois são horas e horas a andar na floresta para a frente e para trás à procura de um sítio que dê para trabalhar. E facilitadores de percurso não faltam: são as lianas a prender os pés, as folhas e troncos que coçam, picam ou cortam, o chão que ora é de pedra solta ora é de lama (muiiiito) escorregadia e a inclinação, quase sempre acima dos 45%. E isto é sem contar com a fauna: cobra-preta (mordedura fatal), escolopendra (venenosa), sumangongô (tarântula gigante), formiga aliança (que desconfio deve ter inspirado o episódio do MacGyver em que havia umas formigas assassinas) entre outros...

Nunca agarrar o tronco de um marapião... Já me agarrei a várias eritrinas e não foi bonito. Imagino se me agarro a um destes: Fico lá pregado!

Ao fim do dia: arranjar lenha, montar tenda (pelo menos tentar) e agradecer aos deuses pela competência dos meus assistentes, caso contrário iria passar uma fome dos diabos. Obrigado Leonel e Adilécio pelos maravilhosos pitéus!!! Entrar para o meu Hammock (It’s a tent, it’s an Hammock, it’s a chair, it’s a supershelter, eu um dia mostro, mas isto dá um post à parte com direito a foto e tudo) antes que os mosquitos me desfaçam em papa e tentar sobreviver ao frio da noite (sim, é verdade tive frio durante a noite e bastante – da próxima levar saco-cama).

Depois de muitos dias de frustração sem conseguir fazer o trabalho que queria, voltar para casa e sarar as feridas.

Levar sempre muitas meias secas: Muito importante!!!! O botim dá muito jeito, mas tem os seus quês....

1 comentário:

tainha babujona disse...

isso tá com mau aspecto mas pelo menos escapaste ao ataque das escolopendras venenosas:)